Numa deslembrada alameda do Rio de Janeiro existe um solitário
terreno baldio. Nada mudou nesse lugar desde os tempos do império.
Nas madrugadas de quinta feira é comum ver certa
movimentação de pessoas estranhas que somente adentram o terreno, sem jamais retornar!
No alvorecer desta quinta feira, mergulhados numa densa névoa
Edgar Blum e eu estávamos diante do retorcido portão daquelas terras bizarras.
Eu, como sempre, estava sem nada entender! Mas, tinha uma
forte esperança que Edgar Blum tivesse um motivo perfeitamente lógico para me
arrastar para lá!
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Edgar Blum diante do terreno baldio |
Entramos naquele lugar que era só mato e escuridão. Tive a
sensação de ver se esgueirando pelas ramagens, pequenos seres humanos
desformes! É difícil dizer ao certo o que eram naquele restinho de luz de um
poste desnutrido.
Edgar Blum sussurrou algo para dentro de uma fenda de uma
árvore morta. Como se ganhasse vida a bichinha começou a se contorcer e em meio
a suas raízes surgiu uma pesada porta de metal. Com um sorriso sinistro nos
lábios o cavaleiro ruivo entrou.
Atravessamos um longo corredor até chegarmos a uma porta
onde estava entalhado:
- Cuidado, algumas das criaturas mais sinistras da cidade
estão nesse lugar! – Me disse Edgar com um semblante muito sério enquanto
sacava da cartucheira um embrulho de linho. – Enquanto, me preparo para agir,
preciso que entre gritando “Val Amor”... Ok?
- Isso vai ajudar em que?! – Perguntei preocupado.
- Olha, isso aqui é sério, não dá tempo para perguntas, é
melhor agirmos antes que seja tarde! Esse lugar está lotado de trevas e morte essas palavras tem poder, amigo! Vai agora!!! – Me disse ele.
Mais confuso que uma sardinha em uma festa de tubarões eu
entrei numa espécie de bar lotado de pessoas que pareciam estar em
decomposição!
- VAL AMOR... VAL AMOR...
Todos pararam e ficaram me olhando. Uma figura esverdeada e apodrecida veio desembestado em
minha direção. Um zumbi! Aquele troço urrava como um leão e eu não sabia se
seria muito mico correr...
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zombie (Zumbi Valentino- ou Val-sem-nariz) |
- Cadê ele? – rosnou o putrefato.
- Queeemmm?! – Berrei de volta, sem saber por que!
- Aquele, que passa as madrugadas fazendo as pessoas
acreditarem que coisas como eu são só pesadelos. Onde está aquele ruivo lesado?
Antes que eu pudesse processar a pergunta ele se atirou
contra Edgar Blum, que acabava de entrar.
Você me deve uma bebida seu fedorento... – Disse Edgar Blum com
sorriso de moleque – Eu não falei que conseguiria fazer ele entrar aqui gritando
que te ama VAL?
Pois é... naquele momento tive vontade de implodir minha cabeça, ou melhor a do Edgar Blum...