sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Zumbi Valentino

Numa deslembrada alameda do Rio de Janeiro existe um solitário terreno baldio. Nada mudou nesse lugar desde os tempos do império.
Nas madrugadas de quinta feira é comum ver certa movimentação de pessoas estranhas que somente adentram o terreno, sem jamais retornar!
No alvorecer desta quinta feira, mergulhados numa densa névoa Edgar Blum e eu estávamos diante do retorcido portão daquelas terras bizarras.
Eu, como sempre, estava sem nada entender! Mas, tinha uma forte esperança que Edgar Blum tivesse um motivo perfeitamente lógico para me arrastar para lá!
Edgar Blum diante do terreno baldio
Entramos naquele lugar que era só mato e escuridão. Tive a sensação de ver se esgueirando pelas ramagens, pequenos seres humanos desformes! É difícil dizer ao certo o que eram naquele restinho de luz de um poste desnutrido.
Edgar Blum sussurrou algo para dentro de uma fenda de uma árvore morta. Como se ganhasse vida a bichinha começou a se contorcer e em meio a suas raízes surgiu uma pesada porta de metal. Com um sorriso sinistro nos lábios o cavaleiro ruivo entrou. 
Atravessamos um longo corredor até chegarmos a uma porta onde estava entalhado:
“Bar Dracabavéga “
- Cuidado, algumas das criaturas mais sinistras da cidade estão nesse lugar! – Me disse Edgar com um semblante muito sério enquanto sacava da cartucheira um embrulho de linho. – Enquanto, me preparo para agir, preciso que entre gritando “Val Amor”... Ok?
- Isso vai ajudar em que?! – Perguntei preocupado.
- Olha, isso aqui é sério, não dá tempo para perguntas, é melhor agirmos antes que seja tarde! Esse lugar está lotado de trevas e morte  essas palavras tem poder, amigo! Vai agora!!! – Me disse ele.
Mais confuso que uma sardinha em uma festa de tubarões eu entrei numa espécie de bar lotado de pessoas que pareciam estar em decomposição!
Receoso, gritei:
- VAL AMOR... VAL AMOR... 
Todos pararam e ficaram me olhando. Uma figura esverdeada e apodrecida veio desembestado em minha direção. Um zumbi! Aquele troço urrava como um leão e eu não sabia se seria muito mico correr...
zombie (Zumbi Valentino- ou Val-sem-nariz)
- Cadê ele? – rosnou o putrefato.
- Queeemmm?! – Berrei de volta, sem saber por que!

- Aquele, que passa as madrugadas fazendo as pessoas acreditarem que coisas como eu são só pesadelos. Onde está aquele ruivo lesado?
Antes que eu pudesse processar a pergunta ele se atirou contra Edgar Blum, que acabava de entrar.
Você me deve uma bebida seu fedorento... – Disse Edgar Blum com sorriso de moleque – Eu não falei que conseguiria fazer ele entrar aqui gritando que te ama VAL?


Pois é... naquele momento tive vontade de implodir minha cabeça, ou melhor a do Edgar Blum...

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